Fui só eu que reparei que agora os textos do Jorge Abel é quase tudo sobre o que outras pessoas lhe disseram? Parece aqueles debates dos políticos em que eles estão ali uma hora e meia a repetir e a contrariar as ideias dos outros e no fim ainda vão discutir quem é que ganhou o debate. Eu descobri logo que não dava para a política quando em Português no 7º ano a professora decidiu fazer um debate e eu dei um soco ao Valente por ele me dizer que a minha opinião não era baseada em factos. Contrariamente ao que o nome indicava não era Valente nenhum, que começou a chorar e ainda teve que ir levar mercúrio ao posto médico. Há coisa mais homossexual que pôr mercúrio numa ferida? A verdade é que hoje o Valente namora com uma moça que é uma toura enquanto eu ando para aqui com a Paulinha que nem sabe se gosta mais de tortas Dan Cake de chocolate ou de morango.
Se eu cedo descobri que não dava para a política também descobri que não dava para vendedor de sofás. Também não tinha futuro como profeta, jogador de basebol e dentista. Ao menos sei o que nunca vou ser, não é como certos moços que de repente pensavam que eram poetas. Os poetas e os pintores descobrem-se em crianças, quando pintam melhor que os outros, não é já em adulto. Em adulto aprende-se muita coisa, principalmente no que concerne às melhores maneiras de excitar uma moça, mas a escrever e a pintar é em criança. Claro que há quem diga que o Jorge Abel é uma criança, mas eu acho muito fácil para uma pessoa perceber que já não é uma criança: ver o que lhe acontece se invadir um campo de futebol, ver o que lhe acontece se andar nu na praia e ver o que lhe acontece se pedir um Calipo numa barraca de gelados. Aí apercebem-se logo que já não são uma criança.
Uma coisa que eu acho que sou é um Visigodo. Já falei dos Visigodos por aqui e do meu sonho recorrente em que sou o jornalista que entrevista o capitão dos Visigodos no final da batalha com os Romanos em que ele, humildemente, reconhece a superioridade do adversário e que a equipa vai continuar a trabalhar. Mas há mais motivos para achar que tenho sangue de Visigodo. Vejam lá porquê:
- Durante muitos anos os Visigodos tiveram como vizinhos na Península Ibérica os Suevos e os Vândalos. E é aqui que me começo a sentir um verdadeiro Visigodo. O meu vizinho de cima era o Sr. Larsson, um suevo, que entretanto voltou para o país dele, porque disse que as portuguesas à beira das suevas são muito fraquinhas. Também já tive um vizinho vândalo, que era o Nando Facadas, mas esse foi morar não sei para onde que não quis dizer a ninguém. O meu vizinho vândalo de agora é um pequenito que faz riscos na porta do elevador;
- Os Visigodos foram conhecidos por terem feito perseguições religiosas aos cristãos romanos e aos judeus. Eu ainda hoje à tarde, passei pela confeitaria daqui e também fiz uma perseguição aos bispos. Comprei quatro e acabei com a raça deles mal cheguei a casa. Podia era ter comprado um sumo, que comer bispos a seco dá sede. Mas os Visigodos também deviam ter sede depois de tanta perseguição, por isso continuamos parecidos;
- Diz a Wikipédia, ou seja, é opinião de alguém que não eu, que os Visigodos contribuíram significativamente para muitos dos apelidos encontrados na Língua Portuguesa e na espanhola. Não dizem quais, mas dizem que foram muitos. Eu também já tive influência num nome que ficou para a história, quando comecei a chamar a um moço da minha turma no 8º ano que usava os perfumes da mãe de «Cheirácona». Ainda hoje quando o encontro na rua penso para mim «olha o cheirácona!» e ele ainda se recusa a cumprimentar-me. A isto chamo uma influência à Visigodo;
- Os historiadores falam no «Direito Visigótico» e na forma como os Visigodos aplicaram as leis do Direito e como essa influência perdurou no tempo. Estou convicto que é por causa dos Visigodos que os defesas esquerdos são tão raros na Selecção Nacional. À custa dos Visigodos, chuta tudo com o pé direito, por influência. Eu também tenho influência visigótica no meu jogo, já que remato com o pé direito. Também no boxe sou influenciado pelos Visigodos, porque dou os socos mais fortes com a mão direita. A mão esquerda só serve para agarrar os colarinhos do outro;
- Os Visigodos eram amigos dos Romanos, ajudaram-nos e depois entraram em guerra com eles. Por acaso também me revejo nisto porque uma vez ajudei um ex-amigo meu, o Sandro, a conseguir o número da Bárbara, que era a moça mais jeitosa do 7º ano. Depois de o ajudar, fiquei com o número da Bárbara para mim e tentei ser melhor que o Sandro. O Sandro deixou de ser meu amigo e à custa da Bárbara eu passava os intervalos das aulas a falar e a dar beijos em vez de ir fumar para trás da biblioteca ou ir roubar bebidas ao bar quando as funcionárias fossem buscar os croissants que estavam na prensa.
Como vêem, cinco bons motivos que me fazem pensar que sou descendente e a continuação do sangue Visigodo neste mundo. Ainda há o sexto motivo, que é a importância que os Visigodos davam ao lanche. Os «Lanches à Visigodo» eram tão conhecidos no mundo de antigamente como as orgias homossexuais dos gregos ou os combates de gladiadores dos romanos. Não gostava nada de ser grego. Obrigavam-me a ir para o ginásio em criança, era obrigado a saber filosofia e matemática, era obrigado a ir votar e ainda tinha de participar em orgias para ser alguém na sociedade. Por outro lado, agora não estou muito melhor: estou com uma moça que pensa que um aviário é uma fábrica de aviões, tenho um blog onde o Jorge Abel escreve poemas, não tenho trabalho e deixaram de fabricar Chipicaos de morango. Só não me suicido porque isso é para deprimidos e para quem não é Visigodo.
P.S.: Estava a brincar naquilo do suicídio, se não fosse Visigodo também não me suicidava. Principalmente porque comecei agora a ver uma série que tem 4 temporadas e eu ainda vou a meio da segunda. Se me suicidasse agora não sabia como ia acabar e isso ia-me consumir para a eternidade, nem ia descansar em condições. Já agora, se o Walking Dead são os mortos que acordam cheios de fome e querem comer o que lhes aparecer à frente, eu sou um Walking Dead, que acordo assim todas as manhãs. A diferença é que em vez de comer pessoas, como pães com manteiga ou bolachas.
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