sábado, 26 de outubro de 2013

A Rosa começou a namorar. Mas não é comigo, é com outro moço.


Por isso mesmo, a minha vida já não faz sentido. Quer dizer, só ao fim de semana, que à semana tenho de me levantar para ir trabalhar. Mas ao fim de semana não faz sentido. Na prática, este vai ser o primeiro fim de semana que a minha vida não vai fazer sentido, por isso ainda sou inexperiente nestas andanças. A Xana da cantina disse-me que gostava dos mais inexperientes que assim podia ensinar-lhes tudo como ela gostava e vinham sem manias e tiques. Espero não ganhar nenhum tique nisto da minha vida não fazer sentido aos fins de semana, que o meu tio disse-me que tinha um cheio de tiques na turma dele na escola que todos os dias ficava sem lanche. E bem sabemos como o lanche é importante na sociedade moderna. Nisso concordo com o Gary. 



Mas falando do que está no título, é verdade, a Rosa começou a namorar. O Venâncio disse-me que não era novidade, que pela experiência dele, sempre que uma moça lhe deixava de responder às mensagens ou tinha começado a namorar ou estava sem saldo. Mas como isso de ficar sem saldo durante duas semanas é para moços, é porque tinha começado a namorar. O Júlio César disse-me para esquecer a Rosa, que há muito peixe no oceano e que o melhor é o atum, que uma vez comeu um bife de atum no restaurante e é muito melhor que o que vem nas latas de conserva. O Gary disse-me que a Rosa me fez um favor ao começar a namorar, que nunca mais me ia conseguir olhar nos olhos por eu estar com uma moça que não gostasse de comer rissóis. 



Tentei perceber o que é que o outro tinha que eu não tinha, mas o Venâncio disse-me para não fazer isso, que as moças odeiam comparações e por isso é que quando aprendem os graus dos adjectivos os professores dão sempre o grau comparativo a correr e esse grau nunca sai nos testes. Realmente, eu só tive professoras de Português e nos testes saía sempre aquele grau que acaba sempre em «íssimo». Depois pensei em mandar-lhe mensagem só a dar as felicidades para a nova relação mas o Júlio César disse-me para eu não fazer isso, que felicidades só se dá quando uma pessoa tem um filho, ganha um concurso ou passa no exame de condução. O Gary disse-me que se fosse ele mandava uma mensagem a insultá-la a ela, ao moço e a dizer que os filhos deles vão ser bastardos e sem honra. Perguntei porque é que devia fazer isso e o Gary disse-me que não sabia mas que no século XV resultava e as pessoas acreditavam mesmo nisso.



A Xana veio ter comigo ontem ao almoço e disse-me que ela é que tinha razão quando dizia que a Rosa era uma porca. A Xana disse-me que nunca me iria partir o coração mas gostava que eu a partisse toda. Agradeci a disponibilidade dela mas o meu tio sempre me disse para nunca descarregar a nossa raiva nos outros, que é muito melhor descarregar em quem merece mesmo. Mas eu não sinto raiva, só tristeza. O Gary disse-me que se calhar devia começar a sair com moças de 12 anos e fazer um investimento a longo prazo, como se faz nos bancos. O Júlio César disse-me para ir sair com ele hoje à noite e tentar conhecer alguém. O meu tio disse-me que me dizia o segredo para conquistar moças se o levasse até Valongo. Levei-o e ele disse que o segredo era nunca lhes fazer as vontades todas, que isso de fazer as vontades todas era coisa de prostituta ou então coisas de sobrinho. 



O Venâncio ontem também me perguntou se eu alguma vez tinha saído com a Xana da cantina. Disse-lhe que sim, uma vez saímos os dois juntos da fábrica, durante uma simulação de incêndio. A Xana na altura disse-me que o incêndio da fábrica era simulado mas que se eu quisesse ela se podia vestir de bombeira e apagar o meu incêndio. Pensei que provocar incêndios desse cadeia, mas o meu tio disse-me que isso era outra brincadeira dos vegetarianos, que como a comida deles é toda crua e não precisam de fazer churrascos ou assadelas inventaram essa de que o fogo é crime. O Venâncio disse-me que se o fogo fosse crime as moças brasileiras estavam todas na prisão por serem «fogosas». O Gary disse-me que se o mundo fosse justo, quem chamasse «fogosa» a uma moça é que estava preso. E na prisão vale cargas de ombro no basket, não é um sítio que uma pessoa gostasse de ir. 







P.S.: Mas por acaso fiquei a pensar naquela pergunta do Venâncio. Porque é que eu nunca convidei a Xana para sair? Ela está sempre a convidar-me para ir a casa dela, se calhar não gosta de sair. Isso estraga-me um bocado os planos. Como é que vou convidar uma pessoa para sair que só quer ir para casa dela? O Júlio César uma vez saiu com uma moça que tinha medo de espaços fechados e por isso ele ia sempre sair com ela para a praia, para parques ou para aterros a céu aberto. O meu tio disse-me que o mal está em ouvir as opiniões das moças, que se nós fizermos o que quisermos elas vêm atrás e fazem o que nós quisermos e que foi por causa de se dar importância ao que as moças pensavam que surgiu o assédio sexual e o gás pimenta.


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