O local onde tudo o que é produzido é fruto de delírios alucinatórios. De quem escreve e de quem lê.
sexta-feira, 11 de outubro de 2013
Ontem à noite houve porrada e o «Aquecimento Global» fechou
Quando disse que se acabaram as noites no «Aquecimento Global», o meu tio disse que essa era uma boa notícia para os ursos polares e para os cientistas. Nunca pensei na minha vida ter inveja de um cientista, mas desde que o «Aquecimento Global» fechou, tenho. De um urso polar é a segunda vez que tenho inveja. A primeira foi quando me apeteceu comer salmão mas o restaurante onde fui só servia picanha e costeletas de porco. O Gary disse-me que os ursos polares não comem salmão, mas que juntam-se aos quatro e comem orcas. Nunca comi orca, mas se souber a salmão, é mais um motivo para ter inveja de um urso polar. Ainda por cima tem 3 amigos, eu só tenho o Júlio César e o Gary. Uma vez no «Aquecimento Global» passei por primo do Júlio César, mas na maior parte das vezes sou amigo dele.
Mas passando à parte da porrada, houve lá uma confusão com uns moços e os seguranças do bar. Desde que conheci o Venâncio que ganhei respeito aos seguranças. Por trás daquele ar de durão e de violento, está uma boa pessoa, que conduz um Ford Escort e tem 70% de vitórias no Freecell. Mas aqueles moços estavam mesmo a bater nos seguranças. Um deles chamou «filho da puta» a um segurança e o segurança passou-se e começou a bater-lhe como se não houvesse amanhã. Se calhar o moço sabia alguma coisa e estava mais informado que a mãe do segurança que o segurança. O Venâncio sempre me disse para não bater em gente mais informada que eu, mas para os ouvir e aprender com eles. O meu tio disse-me o mesmo, só me disse que se algum dia uma moça tivesse razão, para lhe bater, que assim ficavam os dois a ganhar.
Contei à Rosa que tinha estado no meio da confusão. Ela perguntou-me se estava tudo bem e se me tinha magoado. Fiquei magoado pelo segurança, saber assim numa situação daquelas o que a mãe dele era. Imagino a dor e o que ia dizer à mãe quando chegasse a casa, isto é, se vivesse com a mãe. Já por causa disso, quando cheguei a casa perguntei à minha mãe o que ela era. Disse-me que era Sagitário. Perguntei-lhe que profissão era essa e ela perguntou-me quem é que me tinha oferecido a camisa mais feia do mundo. Disse-lhe que não era uma camisa, mas um casaco e ela pediu-me para ir buscar pão ralado para o almoço. Eram 5 da manhã, mas achei melhor ir. Se há coisa difícil de arranjar às 5 da manhã é pão ralado. Posso arranjar droga, doenças sexualmente transmissíveis, experiências traumáticas e problemas com moços que beberam demais, mas pão ralado nada. Fui a casa do Gary ver se ele tinha pão ralado mas ele mandou-me para a puta que me pariu. Será que ele sabia algo sobre a minha mãe que eu não sabia???
Cheguei a casa e voltei a acordar a minha mãe. O meu pai também acordou e a amante dele também. Perguntei à minha prima o que é que ela estava ali a fazer mas a minha mãe mandou-me calar e perguntou-me se tinha trazido o pão ralado. Depois de lhe dar a má notícia, perguntei-lhe se ela era puta. Disse-me que não, que a estava a confundir com a minha tia. Se calhar o Gary estava enganado, às 5 da manhã é normal cometerem-se erros. O Venâncio disse que uma vez namorou 5 anos com uma moça e ela nunca engravidou, mas uma noite teve relações com outra moça que conheceu na discoteca para aí às 5 da manhã e ela engravidou. Não sabia que o Venâncio era pai. Ele disse que não era pai, só tinha feito o bebé. O pai era o Mário do talho, que foi quem lhe pagou os livros da escola e lhe deu a primeira coça. Perguntei ao Venâncio que tal era engravidar uma moça e ele disse-me que era como comer um daqueles douradinhos que têm ketchup no meio, mas que está frio e sabe mal, apesar do douradinho saber bem. Nunca comi esses douradinhos com ketchup, mas também nunca engravidei nenhuma moça.
Mandei mensagem à Xana da cantina a perguntar se alguma vez tinha pensado em engravidar. Ela respondeu-me que às 5 da manhã, já que a tinha acordado, lhe podia fazer tudo. Perguntei-lhe se podíamos conversar sobre projectos de futuro. A Xana disse-me que no futuro gostava que o colchão Pikolin que ela tem me fizesse bem às costas. Por acaso nunca tive um colchão Pikolin, até gostava de experimentar. Os que fazem os anúncios ficam com as costas todas direitas e saem de lá todos a sorrir. A Xana disse-me que se eu me metesse num colchão com ela saíamos os dois a sorrir. Sempre apreciei o sentido de humor da Xana, uma vez o almoço na cantina era Fêveras Panadas e ela disse-me que se quisesse comer dois pratos ela tinha um filete de pescada bem húmido para eu me deliciar. Optei pelas fêveras apenas porque se comesse peixe depois a meio da tarde ficava cheio de fome. Mas depois descobri que não havia segundo prato nenhum, porque toda a gente estava a comer fêveras. Era a Xana a brincar comigo. É por estas coisas que gosto de falar com ela.
P.S.: Quase não falei da Rosa neste texto. Continuo triste. Não sei se teremos um futuro os dois. Ao menos a Xana da cantina fala-me de um futuro comigo a dormir num colchão Pikolin e sem problemas nas costas. Bem preciso disso, que o peso que o amor me faz nos ombros, faz-me andar curvado. O Gary disse-me que em Paris, os moços curvados conseguem arranjar moças facilmente por causa do Quasimodo. Não sei quem é esse Quasimodo, mas o meu tio disse-me que nunca se curvou para nenhum moço mas já fez curvar muitas moças. Eu quero andar direito e de cabeça levantada, sem peso nos ombros. O amor não tem que ser um peso, senão quando ia buscar fruta à mercearia do Rebelo não trazia 1kg de bananas, mas meia dose de amor de bananas. Não fazia sentido.
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